quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Revolução não televisionada - terceiro dia.

 O confronto com a polícia continuou até que deputados aliados conseguiram parar a votação contra os funcionários públicos do Paraná.
 Dentro da ALEP, estou amarela de tanto gás, meu marido me passava informação do que estava acontecendo fora da assembleia.
 Momento em que ficamos sabendo que retiraram o projeto de votação, pelo horário das fotos é perceptível que foram duas horas de tensão, sem saber o que aconteceria.
 Momento em que sentamos no chão para resistir a invasão da ALEP.
Após retirada do projeto de votação, desocupamos a ALEP e o Centro Cívico, entregamos o prédio limpo, apenas uma porta foi quebrada na invasão e uma cerca derrubada na área externa.
Estamos em greve e o nosso próximo encontro é dia 19 de fevereiro, estaremos em negociação com o governo. Infelizmente tivemos que passar por tudo isso para que o governador aceitasse sentar com os funcionalismo para negociar.

Revolução não televisionada - violência contra os professores.

A violência que fomos recebidos ficará marcada na história do Paraná. Em função das bombas contra manifestantes sentados e protestando de maneira pacífica, gerou um caos e a cerca foi derrubada e toda a área da ALEP foi tomada. 
Neste momento estava dentro da ALEP, estou amarela de tanto gás. Meus amigos estavam em confronto direto com a tropa de choque, e professores conseguiram chegar ao corredor de votação, graças ao bom senso da imprensa em vincular as imagens em tempo real e de deputados pedirem para parar de atirar contra os manifestantes.

Diante do caos armado, a votação parou, tinha colegas dentro do prédio ao lado da ALEP. Os manifestantes fora do prédio gritavam que só sairiam diante da retirada do projeto.


terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

A Revolução não televisionada - Parte II

Durante a primeira noite na ALEP pensei muito sobre a minha vida, diante do que estava vivendo. Por diversas vezes chorei com outros professores, nós não tínhamos nesse momento mais nada, nem a possibilidade de uma aposentadoria, já que o fundo previdenciário estava sendo usurpado para pagamento de dívidas do estado.
Em meus pensamentos fiquei me questionando o porquê teria optado em ser professora. Por diversas vezes repeti para mim e para meus alunos que escolhi ser professora para contribuir para uma mudança social, acredito na educação enquanto um meio da emancipação do sujeito. Nesse momento vejo o meu sonho ser arrancado, vivencio a destruição da escola, da minha carreira.
Essas duas noites na ALEP foram tensas, brincaram com o psicológicos dos professores, a todo instante enviavam policiais para desocupar o prédio. Mas, como já esperávamos a polícia militar ficou insubordinada aos comandos do governador, pois nós já havíamos sido seus professores, tínhamos como alunos seus filhos e lutávamos por todos os funcionários públicos do estado.

No terceiro dia, uma grande mobilização tomou conta do Centro Cívico, pois os funcionários da Saúde e Agentes Penitenciários, Universidades Públicas, vinham ao nosso encontro, somamos 60 mil funcionários.

Os deputados ocuparam o prédio ao lado da ALEP, chegaram de camburão e a tropa de choque veio ao encontro dos funcionários.
Enquanto isso professores e funcionalismo tomavam as rampas da Assembleia Legislativa para evitar que os deputados votassem.
Mas, para nossa surpresa não bastou apenas os deputados entrarem cortando uma cerca e se esconderem para votar, a polícia especial veio para desocupar a ALEP e bombas começaram a ser jogadas contra os professores.

A Revolução não televisionada - Parte I

Volto a escrever em um momento turbulento na minha carreira de funcionária pública -  professora. Encontro aqui no blog mais uma possibilidade de contar aos internautas o que vem acontecendo no estado do Paraná.
A nossa greve iniciou no dia 09 de fevereiro, justamente no dia em que iniciariam as aulas na rede estadual de ensino. Nossa categoria está em greve pelo fato de estarmos sem salário, fechamento de turmas, diminuição do porte de escolas, fim de projetos educacionais em contraturno, sucatemaneto nas escolas, falta de merenda escolar, destruição do nosso plano de carreira, retirada de todos os nossos direitos trabalhistas ( quinquênios, plano de avanço, fim de ajuda de custo em transporte e principalmente a apropriação do nosso fundo previdenciário pelo governador Beto Richa).

As medidas adotadas pelo governador do estado atingem a todos os servidores públicos estaduais, o que mobilizou a todas as categorias a dirigir-se para Curitiba no dia da votação do fim do plano de carreira no Paraná.
Assim, no dia 10 de fevereiro fomos para a mobilização em frente à Assembleia Legislativa do Paraná ( ALEP ) para pedirmos aos deputados para votarem contra esse projeto de lei. A mobilização reuniu 30 mil professores e funcionários da educação, diante da nossa derrota e fim de nossas conquistas somadas em 60 anos, ocupamos a ALEP para finalizar a votação.
INCRÍVEL!!!! Nenhuma nota sobre isso foi vinculada no Jornal Nacional, o que nos leva a crer que novamente nosso governador Beto Richa vem pagando a mídia para não falar sobre o assunto.
Resultado da ocupação....


Posei na ALEP acampada com vários professores por 03 dias consecutivos.