terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

A Revolução não televisionada - Parte II

Durante a primeira noite na ALEP pensei muito sobre a minha vida, diante do que estava vivendo. Por diversas vezes chorei com outros professores, nós não tínhamos nesse momento mais nada, nem a possibilidade de uma aposentadoria, já que o fundo previdenciário estava sendo usurpado para pagamento de dívidas do estado.
Em meus pensamentos fiquei me questionando o porquê teria optado em ser professora. Por diversas vezes repeti para mim e para meus alunos que escolhi ser professora para contribuir para uma mudança social, acredito na educação enquanto um meio da emancipação do sujeito. Nesse momento vejo o meu sonho ser arrancado, vivencio a destruição da escola, da minha carreira.
Essas duas noites na ALEP foram tensas, brincaram com o psicológicos dos professores, a todo instante enviavam policiais para desocupar o prédio. Mas, como já esperávamos a polícia militar ficou insubordinada aos comandos do governador, pois nós já havíamos sido seus professores, tínhamos como alunos seus filhos e lutávamos por todos os funcionários públicos do estado.

No terceiro dia, uma grande mobilização tomou conta do Centro Cívico, pois os funcionários da Saúde e Agentes Penitenciários, Universidades Públicas, vinham ao nosso encontro, somamos 60 mil funcionários.

Os deputados ocuparam o prédio ao lado da ALEP, chegaram de camburão e a tropa de choque veio ao encontro dos funcionários.
Enquanto isso professores e funcionalismo tomavam as rampas da Assembleia Legislativa para evitar que os deputados votassem.
Mas, para nossa surpresa não bastou apenas os deputados entrarem cortando uma cerca e se esconderem para votar, a polícia especial veio para desocupar a ALEP e bombas começaram a ser jogadas contra os professores.

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