Durante a primeira noite na ALEP pensei muito
sobre a minha vida, diante do que estava vivendo. Por diversas vezes chorei com
outros professores, nós não tínhamos nesse momento mais nada, nem a
possibilidade de uma aposentadoria, já que o fundo previdenciário estava sendo
usurpado para pagamento de dívidas do estado.
Em meus pensamentos fiquei me questionando o porquê
teria optado em ser professora. Por diversas vezes repeti para mim e para meus
alunos que escolhi ser professora para contribuir para uma mudança social,
acredito na educação enquanto um meio da emancipação do sujeito. Nesse momento
vejo o meu sonho ser arrancado, vivencio a destruição da escola, da minha
carreira.
Essas duas noites na ALEP foram tensas, brincaram
com o psicológicos dos professores, a todo instante enviavam policiais para
desocupar o prédio. Mas, como já esperávamos a polícia militar ficou
insubordinada aos comandos do governador, pois nós já havíamos sido seus
professores, tínhamos como alunos seus filhos e lutávamos por todos os
funcionários públicos do estado.
No terceiro dia, uma grande mobilização tomou
conta do Centro Cívico, pois os funcionários da Saúde e Agentes Penitenciários,
Universidades Públicas, vinham ao nosso encontro, somamos 60 mil funcionários.
Os deputados ocuparam o prédio ao lado da ALEP, chegaram de camburão e a tropa de choque veio ao encontro dos funcionários.
Enquanto isso professores e funcionalismo tomavam as rampas da Assembleia Legislativa para evitar que os deputados votassem.
Mas, para nossa surpresa não bastou apenas os deputados entrarem cortando uma cerca e se esconderem para votar, a polícia especial veio para desocupar a ALEP e bombas começaram a ser jogadas contra os professores.
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